sexta-feira, 7 de setembro de 2007

As Mercenárias - Cadê as Armas? (1986)

“As Mercenárias” fazem parte da história da música brasileira. Formada em 1981, elas influenciaram toda uma geração. É só ouvir “Polícia” e perceber o legado que elas deixaram para os Titãs. A banda surgiu em um momento muito apropriado. A cena punk era, até então, dominada por homens em grupos como Cólera, Inocentes, Olho Seco, Ratos do Porão – a maioria formada por garotos da periferia. Elas, além de serem mulheres, freqüentavam ambientes acadêmicos. Rosália, por exemplo, fazia Psicologia na PUC. Ana e Sandra estudavam jornalismo na ECA/USP e se conheceram jogando handball. O resultado ficou evidente no trabalho de As Mercenárias: comparadas aos outros grupos, suas letras são mais líricas e os arranjos mais bem acabados. A temática, no entanto, era punk por excelência: abaixo a polícia, abaixo a igreja (ouça “Kyrie”, faixa 15), abaixo a tudo que seja poder.As Mercenárias também eram auto-suficientes: compunham, tocavam, faziam arranjos, produziam os shows. Às vezes contando com a colaboração de Edgar Scandurra ou Bocato, mas na maior parte do tempo, faziam tudo sozinhas. Juntas, as quatro componentes marcaram a linhagem de mulheres rebeldes da MPB – que começou lá nos anos 60 com Rita Lee. Para contrapor o visual sisudo de roupas pretas do punk, elas se apresentam até hoje com roupas coloridas e irreverentes. Apesar do sucesso, As Mercenárias só gravaram dois discos: “Cadê as Armas?”, lançado pelo selo underground Baratos Afins, em 1986, e “Trashland”, pela EMI, em 1988.


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